top of page
  • Facebook
  • Instagram
5_edited_edited_edited.png

EQUIDADE URBANA

EM TERRITÓRIO DO PRECÁRIO

ações socioespaciais participativas em Paraisópolis
17ª bienal de arquitetura de Veneza
paraisópolis, a seed of hope

 A densidade cultural em ambientes urbanos deveria ser compreendida como um pilar em direção a uma cidade mais equitativa. Com mais de 85.000 habitantes, Paraisópolis, uma das duas maiores comunidades (favelas) na cidade de São Paulo, pode ser caracterizada pela força de suas organizações sociais e de sua população construída a partir do treinamento de seus residentes para suportar as redes emergenciais transdisciplinares que foram criadas – transdisciplinares não meramente como consequência de um tema ou contexto, mas como resultado da participação direta de membros da comunidade no desenvolvimento de ações críticas e com significativas. São Paulo mostra seus próprios arranjos de políticas de cercamento, lavagem verde e orientadas a desenvolvedores de natureza empreendedora - muitas vezes sob auxílio de quadros regulatórios ad hoc. Os territórios precários de São Paulo, como Paraisópolis, apresentam um conjunto de práticas culturais e sociais autóctones em que ajustes multiescala continuamente promovem transformações na paisagem. São Paulo, uma cidade onde a heterogeneidade territorial urbana é presente de forma crescente em diferentes cenários, caracterizando diferentes processos de uma paisagem sociocultural representativa da segregação socioespacial de um processo de substituição cada vez maior: de “cidade-trabalho-política” para “cidade-gestão-negócios”. Território significa práticas, relações sócio-humanas, ações coletivas disputando o uso do espaço; um núcleo (material e simbólico) que produz domínio (valores, ideologias, narrativas) e legitima qualquer ação material/factual/ técnica/social ao longo de uma extensão geográfica (jurisdição).

A ação humana é regulada e regrada pela hierarquia ontológica do núcleo, do qual sentidos emergem. O núcleo pode ser legal ou não, explícito ou não, porém poderoso o suficiente para governar a extensão geográfica e tentar produzir estabilidade; não é nem um (hierarquia da identidade, da integridade), nem essencial (origem), mas múltiplo (no sentido dado por Deleuze), disseminado nas práticas sociais – de acordo com o conceito de Derrida de perda de estruturalidade da estrutura. Esta noção de território é relativa, incerta, heterodoxa, compatível com metáforas usadas para explicar cidades, sociedades e os meios da atualidade. Na cidade, este conceito é visível onde quer que os limites e fronteiras (urbs) sejam reconhecíveis, em malhas urbanas integradas ou marginais (civitas), e ainda em sistemas, narrativas e representações simbólicas fundamentadas na necessidade de expressão daquele núcleo: valor da vida cívica/pública, o legal, o permitido, o proibido (polis). A territorialidade urbana oscila entre duas noções, os territórios de jure e territórios de facto. O território sempre envolve ambos os conceitos, ou seja, uma questão política em um espaço e tempo concretos, mais estratégicos ou mais táticos. Em ambos os casos, é igualmente uma arena de luta, onde processos, atores, discursos e expressões são diferentes. É sob este quadro teórico,  que questões relacionadas à equidade urbana são abordadas. Portanto, explorando dinâmicas socioculturais de determinados “territórios precários” de São Paulo, esta apresentação – através de entrevistas com líderes e residentes da comunidade de Paraisópolis, assim como com representações icônicas que exploram dinâmicas e tensões de territórios particulares – visa retratar ações comunitárias de conhecimento ambiental que mitiguem desigualdades e vulnerabilidades inerentes aos processos de constituição de territórios populares.

Cultural density in the urban environment should be understood as a cornerstone to a more equitable city. With more than 85.000 inhabitants, Paraisópolis, one of the two largest communities (slums) in the city of São Paulo, may be characterized by the strength of its social organizations and population built upon the training of residents to support the transdisciplinary emergency networks that have been created - transdisciplinary not merely as a consequence of a theme or a context, but as a result of direct participation of community members in the development of critical and purposeful actions. São Paulo shows its own mix/fix of enclosure, greenwashing, developer–oriented policies of entrepreneurial nature – many times helped by ad hoc regulatory framework. São Paulo’s precarious territories, like Paraisópolis, present a set of autochthonous cultural and social practices where multiscale adjustments continuously promote landscape transformations. São Paulo, a city where urban territorial heterogeneity is increasingly present in different scenarios, characterizing different processes of a socio-cultural landscape representative of socio-spatial segregation of an evergrowing replacement process: from "city-work-politics" to "city-management-business”. Territory means practices, socio-human relationships, collective actions disputing the use of space; a core (material and symbolic) that produces domain (values, ideologies, narratives), and legitimates any material/factual/technical/social action throughout a geographical extension (jurisdiction).

 

Human action is regulated and ruled by the ontological hierarchy of the core, from which sense emerges. The core may be legal or not, explicit or not, but powerful enough to rule the geographical extension and try to produce stability; it is neither one (hierarchy of the identity, of the integrity), nor essential (origin), but multiple (Deleuze´s sense), scattered in social practices – according to Derrida´s concept of loss of structurality of the structure. This notion of territory is relative, uncertain, heterodox, compatible with metaphors used to explain nowadays cities, societies, milieu. In the city, this concept is visible wherever limits and borders (urbs) are recognizable, in integrated or marginal urban fabrics (civitas), and also in symbolic systems, narratives, representations grounded in the need for expressing that core: value of the civic/public life, the legal, the allowed, the forbidden (polis). Urban territoriality oscillates between two notions, namely de jure territory and de fact territory. Territory always involves both concepts, i.e., a political issue in a concrete space and time, more strategic or more tactic. In both cases, it is likewise an arena of struggle, where processes, actors, discourses, and expressions are different. It is under this theoretical framework that questions related to urban equity are addressed. Therefore, exploring socio-cultural dynamics of particular São Paulo’s ‘precarious territories’, this presentation – through interviews with Paraisópolis’ community leaders and residents, as well as iconic representations that explore dynamics and tensions of particular territories - aims to portray community actions of environmental knowledge that mitigate inequalities and vulnerabilities inherent to processes of constitution of popular territories.

“Não tem milagre: as favelas, elas sempre conquistam avanço brigando.”

Joildo, coordenador do grupo G10
TRAILER
PARAISÓPOLIS - A SEED OF HOPE

PARAISÓPOLIS - A SEED OF HOPE

Contato
bottom of page